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Foto: Leon Rabinovitch

Leon Rabinovitch

Doutor Leon está na Fiocruz desde 1963. Graduado em Farmácia Química, é hoje chefe do Laboratório de Fisiologia Bacteriana.

Qual a sua formação?

Sou graduado em Farmácia Química pela Universidade do Brasil (atual UFRJ). Adquiri a Livre Docência mediante provas de conhecimentos e de títulos, além de defesa de tese junto à Universidade Federal Fluminense, Setor de Enzimologia e Tecnologia das Fermentações.

 Há quanto tempo está na Fiocruz?

Desde 1963. Ingressei na Fiocruz para desenvolver um projeto na área de bacteriologia ambiental. Em 1964 estava terminando o 1º Curso de Aplicação em Biologia Parasitária do Instituto Oswaldo Cruz – IOC que perdurou por 13 meses: era o início da Pós-Graduação sensu strictu no Instituto. Este curso permitiu-me ser membro do corpo de pesquisadores do IOC.

Sempre atuou na área de bacteriologia?

Sim. Ainda quando aluno, por indicação de um professor, ingressei na equipe do Setor de Bacteriologia do IOC para trabalhar em pesquisas com bacilos anaeróbicos. Hoje eu o faço com Bacillus aeróbicos ou aeróbicos facultativos, mais os Gêneros correlatos.

Já trabalhou em outras unidades além do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)?

Não. Desde que entrei para a Fiocruz, trabalho aqui no Laboratório de Fisiologia Bacteriana – LFB, do Instituto Oswaldo Cruz, laboratório que eu criei.

Quais são as suas funções no LFB?

Chefio o LFB que está dedicado à identificação e classificação desses micro-organismos e possivelmente para encaminhá-los até um produto útil. É válido dizer que muitos mestres e doutores formados aqui estão lecionandos pelo país afora e são até diretores de indústrias ou pesquisadores em diferentes instituições. Além de executar as funções básicas, também exerço atividades docentes, coordenando disciplina em cursos e fazendo pesquisas laboratoriais.

Tem alguma pesquisa de rotina pela qual o LFB seja responsável?

Sim. Temos o Laboratório de Referência Nacional Para Carbúnculo – LARENAC, vinculado ao Ministério da Saúde, para qual são encaminhados materiais não-clínicos suspeitos de serem ofensivos pelas autoridades e para os quais diagnostica-se a presença intencional de Bacillus anthracis. Também, examinam-se espécimes clínicos suspeitos de serem originários de infecção carbunculosa. Além disso, é rotina a resolução da identificação da posição taxonômica de bactérias esporuladas aeróbicas ou aeróbicas facultativas. Pesquisas que envolvem o desenvolvimento de produtos à base de Bacillus e Gêneros correlatos também são ações rotineiras. 

Conte-nos um pouco do seu trabalho como chefe do LFB.

Além de coordenar e supervisionar os trabalhos de um dos laboratórios do IOC no que tange pesquisa e desenvolvimento, objetivo também a formação e a qualificação dos seus pesquisadores, como também acompanho o atendimento dos diferentes aspectos burocráticos que afetam o laboratório.

No site IOC, 110 anos de história foi mencionado o seu título como membro da Academia Nacional de Farmácia, conte-nos um pouco sobre essa conquista.

A Academia dispõe de cadeiras que prestigiam farmacêuticos e também outros profissionais da saúde consagrados nas áreas de pesquisas laboratoriais e clínicas. Em 2000, um colega acadêmico achou que eu poderia concorrer a uma vaga. Eu, apresentando um memorial que discorreu sobre trabalhos efetuados aqui no IOC, conquistei o título, bem como uma cadeira que traz o nome de um ex-professor meu, o doutor Mário Taveira.

Tem algum artigo publicado? Se sim, fale um pouco sobre ele(s).

Sim. Destacaria o Catálogo de Linhagens - Coleção de Culturas do Gênero Bacillus e Gêneros Correlatos – CCGB e um de meus textos publicados em jornais e revistas, Situação atual e necessidade de pesquisa de controle biológico de vetores de importância para a Saúde Pública. Biotecnologia, Ciência & Desenvolvimento, Brasilia, p. 42 - 45, 17 nov. 1997. Todos os outros podem ser encontrados na página virtual do meu currículo Lattes.

Tem alguma situação marcante que tenha vivido no seu ambiente de trabalho e que possa nos contar?

Muitas marcantes, no sentido de gratificantes. Como por exemplo, ter acompanhado a trajetória da subchefe do Laboratório de Fisiologia Bacteriana, Doutora Clara de Fátima Gomes Cavados, que veio ao IOC para realizar trabalho objetivando a sua monografia de graduação acadêmica. Pelo fato de ter integrado diferentes projetos no LFB acabou se firmando e hoje permanece aqui como pesquisador titular.

Quais são os desafios do seu trabalho?

Bom, os desafios são muitos. Um deles é a falta de vaga nos últimos concursos para suprir com pessoal especializado e estatutário os laboratórios como o LARENAC e a Coleção de Culturas do Gênero Bacillus e Gêneros Correlatos – CCGB. Necessitamos de pessoas que trabalhem de modo permanente e que estejam realmente compromissadas, que falem a linguagem da Microbiologia. Outra questão é a impossibilidade de se conseguir colocar em âmbito social as patentes de inseticidas biológicos desenvolvidos aqui no LFB.

 Em sua área de atuação, o senhor destacaria alguma importante descoberta nos últimos anos?

Uma das linhas de investigação do Laboratório de Fisiologia Bacteriana do IOC diz respeito ao isolamento e caracterização de bactérias do gênero Bacillus. Recentemente, fizemos pesquisas com insetos vetores de doenças e, em parceria com laboratório de bactérias entomopatogênicas do Instituto Pasteur de Paris, foram descritos dois novos sorovares de Bacillus thuringiensis, um oswaldocruzi e outro brasiliensis.

Fale-nos um pouco sobre o resultado dessas pesquisas.

Essas bactérias brasileiras são hoje reconhecidas mundialmente, pois estão armazenadas em instituições estrangeiras e nacionais, por fazerem parte de coleções de culturas de bactérias esporuladas, como por exemplo, no próprio Instituto Pasteur de Paris, bem como em Ohio, nos Estados Unidos. Algumas enzimas foram também descritas, como, por exemplo, a enzima de restrição utilizada para hidrolisar determinados sítios de DNA. É o caso da enzima isosquisomera Sau3AI endonuclease de restrição, obtida de Bacillus cereus da CCGB. Como já havia citado anteriormente, aqui no Laboratório foram desenvolvidos inseticidas biológicos que, se produzidos em escala maior, poderiam substituir em parte os atualmente comercializados e conhecidos como inseticidas obtidos por síntese química.

O que a Fiocruz representa para você?

Representa muito. Quase toda a minha vida está aqui! Tenho um carinho e um respeito pela instituição e pelos mestres que me produziram profissionalmente. Entrevista publicada em 16.12.2010 - Foto:

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