Há quanto tempo você está na Fiocruz?
Eu estou na Fiocruz há 15 anos, de 98 pra cá como servidora pública.
Qual a sua formação?
Sou formada em Historia pela UFF. No meu 2º grau vivíamos sob a ditadura sem acesso a informação. Sentia necessidade de conhecer e entender os processos históricos, políticos, o contexto social em que nós vivíamos para me situar na vida adulta. Graduada em 79, comecei o que mais tarde se configuraria na minha carreira - não planejada. Trabalhei por 4 anos na Secretaria de Habitação do Estado do Rio de Janeiro, atuando na coordenação de projetos de habitação e urbanização de favelas, na parte social dos projetos fazendo trabalho de campo e de escritório.
Depois trabalhei por 2 anos e meio no Programa Recriança, um programa federal, de apoio a educação não formal, baseado na filosofia pedagógica de ocupar crianças e jovens com atividades lúdicas e de aprendizagem para o trabalho, fora do horário escolar. O Governo Federal descentralizava, mediante projetos específicos, recursos para os municípios. No Recriança, fui coordenadora regional, responsável pelo Programa em alguns Estados, repassando recursos dos convênios, analisando e acompanhando estes projetos, em parceria com Estados e Municípios.
Quando Collor assumiu encerrou o Programa e passado 1 ano, uma amiga do Recriança soube de uma oportunidade de bolsa CNPq pela Diplan. Como ela não tinha interesse, me deu a dica do processo seletivo para vaga na antiga Coordenação de Desenvolvimento Institucional, para qual prestei prova escrita e entrevista. Sempre me identifiquei com planejamento, gestão, modernização institucional, coordenação de projetos, embora ainda nada conhecesse de políticas de Ciência e Tecnologia em Saúde ou do complexo Fiocruz.
Você já trabalhou em outros setores ou unidades?
Sim, fiquei 2 anos na Diplan e finda a bolsa concorri ao Mestrado de Ciência da Informação do IBICT/UFRJ, buscando me qualificar para a área de gestão, entendendo a gestão da informação, como ferramenta para a melhoria na gestão das instituições. Nessa época haviam 4 computadores na Diplan, que não estavam em rede ou na internet. Prestes a defender a dissertação de mestrado sobre gestão do conhecimento, fui convidada a retornar à Fiocruz, com uma bolsa da Faperj, em agosto de 1996, coordenando o Programa de Iniciação Científica/PIBIC, financiado pelo CNPQ, que devido ao seu rápido crescimento, 250 bolsistas e respectivos processos de avaliação e seleção, requisitava dedicação exclusiva de um profissional. O PIBIC ainda é vinculado a Vice-Presidência de Pesquisa onde fiquei por 5 anos.
Em que setor você trabalha na Diplan?
Em julho de 2001, retornei à Diplan, desta vez convidada assumir a Coordenação de Convênios (Cconv) onde continuo enfrentando novos desafios.
Quais as atividades você desenvolve?
Coordenamos o conjunto de convênios nacionais da Fiocruz, cerca de 900 instrumentos este ano, incluídas as portarias do MS/Fns. Recebemos projetos das Unidades que dependem de formalização de parceria com instituições externas, de cooperação técnico-científica, para serem realizados. Para isso, cuidamos do sistema de gestão que envolve os diversos fluxos e processos, até a aprovação final do instrumento pela Procuradoria Federal da Fiocruz, auxiliamos na modelagem dos projetos e na redação dos termos de convênios. Os convênios que envolvem transferência de recursos financeiros são acompanhados até a aprovação final da prestação de contas, o que é realizado em conjunto com a Dirad/Spcc.
Quais são os maiores desafios do seu trabalho?
Estou há 8 anos na Diplan/Cconv e sempre que antigos desafios são equacionados, abrem-se espaços na agenda para novos desafios entrarem. Meu primeiro desafio, foi conhecer e entender a área de convênios da Fiocruz e suas interfaces com as Unidades demandantes; Dirad quanto à prestação de contas, Procuradoria quanto a aplicação da legislação federal, a Gestec, o perfil das instituições externas e o papel da Auditoria. Com o diagóstico,o desafio foi implementar melhorias no gerenciamento, mantendo adesão da equipe, aproveitando os recursos existentes, sendo nó crítico, à época, a informatização dos processos de trabalho, o desenvolvimento de um sistema interno de gestão de convênios (SGA-Convênios) para melhorar os serviços oferecidos aos usuários, a intensificação o uso da internet. Além destes: planejar e estabilizar os convênios plurianuais da Fiocruz, criar o SIIG-Convênios em 2006 e migrar a base de dados do SGA-Convênios, obter a adesão dos Núcleos de Planejamento das Unidades ao SIIG-Convênios, reduzir apontamentos de auditorias, aderir a novos sistemas de gestão de convênios externos (Siasg, Siconv) e conciliá-los ao sistema interno. Atualmente considero um desafio da Cconv, absorver o gerenciamento das portarias do Ms/Fns, em pareceria com as Unidades, hoje centralizadas na Diplan, além da adesão do uso do SIIG-Convênios para os instrumentos da área internacional/Cris e da Gestec. São também desafios da Cconv todos os desafios da Diplan.
Relate algumas experiências marcantes vividas na Fundação
O final da Jornada do PIBIC em 2000, quando grávida de 9 meses, recebi homenagem e flores na Tenda da Ciência. O dia em que saiu o resultado da minha aprovação no concurso foi muito gostoso, abraçando amigos que torceram a favor. Chegar pela primeira vez na creche da Fiocruz com minha filha retornando ao trabalho foi ótimo. Ter sido lembrada, reconhecida e convidada por antigos colegas para retornar à Diplan e coordenar a área de convênios, foi muito gratificante. A amizade e confiança que vai se estabelecendo com os colegas mais antigos e o contato com novos profissionais que vão chegando e revigorando e atualizando nossos projetos também são ótimas experiências.
O que representa a Fiocruz pra você?
Fiocruz é uma instituição poderosa, federal com ótimos recursos e bastante liberdade de decisão. Cabe a ela, através do empenho e do foco de seus dirigentes e trabalhadores nos objetivos institucionais, dar o melhor exemplo e contribuição para a melhoria das condições de saúde da população, jamais permitindo o desperdício e o mau uso de recursos. Profissionalmente é a instituição a qual me dedico, onde tenho a oportunidade de atuar em atividades que gosto, e por onde devo me aposentar. Ela representa meu local de militância em prol das melhorias sociais e coletivas, coisas que desejo e acredito. No nível pessoal, me permite que eu dê uma boa educação para os meus filhos, portanto procuro permanentemente retribuir da melhor forma e com máximo empenho e responsabilidade o que recebo da Fiocruz, provido pelo suor de todos os brasileiros .
Entrevista publicada em 14.10.2009 - Foto: Arquivo Pessoal